domingo, 13 de março de 2011

Desaparecimento de abelhas preocupa produção alimentícia no mundo

abelha e flores
Abelha e flores/Foto: Jardineiro.net

Ninguém sabe ninguém viu. Até as Nações Unidas já estão preocupadas com o sumiço das abelhas das colméias. Muitos estudiosos cogitam hipóteses, como a inserção dos petógenos, que podem ter causado a morte dos insetos, as transformações nas áreas rurais e o ácaro Varroa, que pode também ter causado a morte desses animais. O fato é que das 100 espécies de lavoura que produzem 90% dos alimentos do mundo, mais de 70 são polinizadas por abelhas, e elas estão desaparecendo.
ONU, por meio de sua Agência Ambiental, divulgou nesta quinta-feira, 11 de março, um relatório que informa que o número de abelhas no planeta tende a continuar caindo. Isso porque, segundo o órgão, o homem não tem oferecido condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento desses animais tão importantes na polinização das lavouras.
"As abelhas ressaltam a realidade de que somos mais dependentes dos serviços da natureza em um mundo que está perto dos sete milhões de habitantes.", foi o que afirmou Achim Steiner, diretor executivo da agência ambiental da ONU. Para ele, "os seres humanos fabricaram a ilusão de que no século 21 eles teriam desenvolvido tecnologias o suficiente a ponto de se tornarem independentes da natureza", criticou o diretor.
A queda no número de abelhas é realmente significativa. Só nos EUA, as colônias para produção de mel caíram de 5,5 milhões em 1950 para 2,5 milhões em 2007. Na América do Norte, as perdas registradas desde 2004 deixaram o continente com o menor nível de polinizadores manejados dos últimos 50 anos.
Europa, Oriente Médio e partes da Ásia sofrem também com o desaparecimento das abelhas. Nesses locais, existe uma explicação para o sumiço. O ácaro Varroa destruiu várias colônias nesta região. Porém, o ácaro não é a causa do desaparecimento das abelhas na América do Sul, África e Austrália, que possuem índices de perda de colônias igualmente relevantes.
O relatório produzido, que pediu incentivos aos proprietários e fazendeiros atingidos pelo sumiço, declarou a necessidade de se restabelecer o habitat desses insetos, inclusive colocando nas terras flores essenciais para a sobrevivência dos animais.
Para Peter Neumann, co-autor do documento, as colônias manejadas e a criação em escala industrial podem ser as soluções. Mas, segundo ele, faz-se necessário uma mudança de comportamento do homem em relação a todo o meio ambiente que envolve estes animais. "Nós precisamos ficar atentos sobre o modo como manejamos essas colônias, mas talvez mais importante que isso, precisamos manejar melhor o planeta e as paisagens, para recolocar as populações de abelhas selvagens em níveis salutares com custo-benefício aceitável ", alertou Neumann.
Brasil
No Brasil, as reclamações na Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores (Faasc) foram tantas que a Federação resolveu criar uma comissão para avaliar o sumiço das abelhas.
“A média de perda de colmeias relatada gira em torno de 30%", informou Afonso Inácio Orth, professor do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e membro da comissão. Segundo ele, as queixas vieram do litoral sul e da Grande Florianópolis e que o percentual de perda de 30% é significativo, já que a perda no manejo gira normalmente em torno de 5 a 15%.
As causas do fenômeno ainda não foram descobertas. Novos inseticidas, aparição de vírus, problemas com a variabilidade genética, falta de alimentos, fungicidas e o grande manejo foram hipóteses apenas citadas, nada ainda foi comprovado pela comissão.

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