FREDERICO HAIKAL/ARQUIVO
Bacia do Rio das Velhas corta Grande BH e integra a do São Francisco
A qualidade da água em Minas melhorou no ano passado em relação a 2009, mas está pior que a verificada há 14 anos. É o que mostra estudo divulgado nesta terça-feira (22) pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam). O levantamento demonstra a urgência na adoção de medidas para preservar os recursos hídricos em áreas de grande concentração urbana, como a Grande BH, o Vale do Aço e Juiz de Fora e arredores, na Zona da Mata. Na terça-feira, foi comemorado o Dia Mundial da Água.
O Mapa da Qualidade das Águas de Minas Gerais é publicado anualmente. Conforme o estudo, em 2010, 23,4% das águas no Estado eram consideradas ruins (22,2%) ou muito ruins (1,2%). Situação melhor que a registrada em 2009, quando a soma ficou em 27,4% – sendo que a classificação Ruim para 26,1% das águas foi a pior registrada desde o início dos estudos, em 1997. O diagnóstico também mostra que, há 14 anos, a condição das bacias mineiras era melhor. O percentual de água Ruim era de 17,1% e o de Muito Ruim, 2,1%.
O mapa analisa as 13 bacias hidrográficas do Estado, a partir de amostras coletadas em 522 estações. Os piores quadros estão onde é mais elevado o Índice de Qualidade da Água (IQA) Muito Ruim e Ruim, como nas bacias do Paraíba do Sul (2% e 31%,), São Francisco (2% e 29%) e Grande (1% e 28%). Destacam-se também as ocorrências de IQA Ruim nas bacias dos rios Itabapoana (50%, na Zona da Mata) e Itapemirim (40%, na mesma região). Já as melhores condições da água foram registradas nas Bacias do Rio Itanhém (75,0%, no Vale do Mucuri), Jequitinhonha (50,0%, no Jequitinhonha), Doce (Leste de Minas) e Pardo, no Norte (35% para ambas).
Geraldo José Santos, presidente do Comitê da Bacia do São Francisco, diz que as conclusões referem-se a trechos distintos, e não à bacia como um todo. “Existem pontos onde a qualidade não é satisfatória. Isso está ligado à postura de alguns municípios que não têm Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) e jogam seus dejetos no rio”.
Márcio Pedrosa, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (Abes), afirma que a melhoria de 2009 para 2010 deve ser levada em conta. “A conservação das bacias está inserida num processo a médio prazo. As cidades não param de crescer e não há como frear o desenvolvimento”.
Segundo ele, muitos fatores contribuem para os dados apontados no mapa. “Ainda há indústrias que não fazem o tratamento de afluentes e essa postura tem de ser mudada”, afirma.
O Secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Adriano Magalhães Chaves, diz que o fim dos lixões e projetos de saneamento básico serão o foco da pasta para minimizar os problemas e melhorar o IQA nas regiões mais populosas. “Uma das metas é incentivar a sociedade civil e as empresas sobre o uso racional da água”.
Míriam Mousinho, coordenadora executiva do Igam, ressalta que um dos grandes desafios será recuperar a Lagoa da Pampulha, na Grande BH, sobretudo na região de Contagem. O plano é direcionar o esgoto da área da lagoa para a ETE do Ribeirão do Onça. “Trabalhamos numa ação conjunta com as prefeituras de Belo Horizonte e Contagem para que o projeto seja concluído até o final de 2013”.
O mapa mostra que o percentual de águas com IQA Médio avançou em Minas, de 2009 para 2010. O índice aumentou de 51,4% para 55,4%. O IQA Bom permaneceu estável, com 21,2%. “O mapa indica onde estão as situações mais graves. A partir das análises é possível direcionar as estratégias, como ações preventivas e de fiscalização”, destaca Míriam.
Outro indicador usado no estudo do Igam mediu a contaminação por tóxicos (CT) nas bacias hidrográficas do Estado. A maior incidência foi registrada em 1998, com 32% de frequência de CT. O menor se deu em 2005, com 5%. O índice de 2010 manteve o patamar do ano passado, com 7% de frequência alta de CT.
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